quinta-feira, junho 15, 2006

15 Junho 2006 - Dia 29





































































































Foto: Francisca baptista da Silva
















Foto: Francisca baptista da Silva

















Foto: Francisca baptista da Silva

O local da obra tem de ser preparado para a chegada de 31m3 de terra: 14m3 para o armazém, para produzir BTC e 17m3 para a obra, para a taipa.
Com o terreno preparado, dedicamos todo o dia a realizar todos os ensaios aos adobes e aos blocos de taipa que fizemos.
Nos adobes, testamos o aspecto, a resistência à compressão, à tracção e à abrasão/desgaste, e a capilaridade. Mais uma vez, os aparelhos com que realizamos os testes são improvisados, reinterpretações do princípio do teste. Em vez de um elaborado quebra-blocos, monto um com uma prancha de madeira, um cabo de enxada - que deixa a prancha rodar sem impedimentos - e três ripas de madeira que aplicam as forças e os apoios onde é pretendido. Em vez de uma sofisticada peça de medição de abrasão, uso uma escova corrente com uma plataforma onde posso colocar um peso constante, idêntico para todos os ensaios, e com um cabo, de forma a que a intervenção do executante do teste não influa sobre a força exercida por esse peso, e pode-se, assim, medir a comparativamente a resistência a uma força de erosão idêntica.
Na minha opinião – que formulei desde a primeira vez que vi a terra, na tal ocasião em Milfontes, em Janeiro – esta terra não é mesmo nada aconselhável para qualquer tipo de adobes (exceptuando, eventualmente, adobes fortemente estabilizados, mas isso perde um pouco do sentido inicial do conceito de construção com terra, não será…?). Os que fizemos serviram para exemplificar a técnica de produção e para se familiarizarem com o material, que, de resto, existe em abundância no norte do país, daí ser menos importante focar esta técnica, por ser conhecida da maioria.
Na taipa, testamos empiricamente, e de forma menos quantificável do que nos adobes, a resistência à punção, à abrasão/desgaste, ao impacto e à compressão, e deixamos os ensaios de resistência à água (infiltração e capilaridade), uma vez que, no dia em que choveu sem tréguas, os blocos de ensaio, que estavam no exterior, desprotegidos, foram bem testados!
As conclusões são tomadas logo de seguida, e anuncio aquilo que tenho vindo a equacionar nos últimos dias: A taipa será executada sem qualquer estabilização com cimento ou cal, mas, como constatámos que os blocos que fizemos com traços sem qualquer adição de ligantes têm uma fraca resistência à erosão e como aqui o vento é muito e, por vezes, forte e transporta imensa areia que fustiga as paredes, a primeira fiada (logo a seguir ao embasamento) terá uma estabilização com cerca de 3 a 4% de cimento, com um traço semelhante ao do ensaio nº8. Nos testes, o bloco 8 apresentou comportamentos muito semelhantes ao bloco 3 e ao 6, e tem apenas 3,6% de estabilização, contra os 10% do bloco 3, o que representa uma economia enorme de custos e uma minimização do “pecado de conspurcar a terra” (se bem que, quem me conhece sabe que não sou, de todo, fundamentalista ou, sequer, purista, nestas questões).
Tomada esta decisão, amanhã arrancaremos com a taipa!
Entretanto, descontraindo em confraternização, em final de jornada laboral, descubro uma coisa importantíssima: afinal há tremoços por estas bandas!

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