quinta-feira, junho 01, 2006

01 Junho 2006 - Dia 19















Foto: Patrícia Bruno



















Foto: Patrícia Bruno
















O capacete branco deve ter tido um efeito de megalomania nalguns, porque o encarregado de hoje, que é o aluno mais indisciplinado, ausente e medíocre de todo o grupo, apareceu de casaco e gravata…!! As noções empíricas de pedagogia que tenho dizem-me que não me devo rir disso, mas como se torna difícil, prefiro fazer um comentário enaltecedor, brincalhão, para poder legitimar um sorriso que esconde uma enorme gargalhada. Toda a turma graceja com a cerimónia do encarregado, mas ele sente-se importante com a ocasião e a indumentária!
Excepto em raros casos, a expectativa de ser o encarregado do dia produz uma ansiedade que tem mais a ver com o poder de dar ordens e de mandar nos outros, do que com a oportunidade de aprender algo.
Mas, quanto mais ansiosos estão de poder, mais perdidos ficam quando lá chegam e eu não os largo a exigir que organizem os trabalhos, que distribuam tarefas, que controlem a qualidade dos trabalhos, que contabilizem recursos, etc.
E, se antes estão ansiosos por serem encarregados, durante a jornada em que o são ficam um pouco perdidos por se aperceberem da imensidão do trabalho de controlar e dirigir tudo e todos, e depois de findo o trabalho desabafam que é muito mais difícil trabalhar com a cabeça do que com a força de braços.
Mas esta experiência tem dado bons resultados, sobretudo porque todos os alunos, um a um, se têm apercebido da totalidade do trabalho, ao terem de o gerir, ao passo que, nos dias em que são simples operários, basta-lhes seguirem ordens e, muito facilmente, podem não fazer bem ideia do que se está a passar na realidade. E nota-se uma diferença de atitude em cada um deles, entre o antes e o depois do dia em que são encarregados.
Hoje passou-se o dia a tentar resolver, de uma vez por todas, o nivelamento e a largura do embasamento, para receber a taipa em condições.
A inexperiência dos alunos levou a erros que deixei acontecer, alguns por impossibilidade de os impedir a tempo mas, a maior parte, para que percebam, “na pele”, a dimensão e as consequências de pequenos erros ou descuidos iniciais.
Assim, por causa de uma certa displicência na execução do murete de embasamento, os alunos tiveram já imenso trabalho acrescido, na correcção e compensação de erros cometidos. Mas agora não podemos perder mais tempo, e assumo integralmente as operações, de forma a resolver todos os problemas, interrompendo o ciclo de encarregados de obra e definindo minuciosamente os trabalhos e a sua execução.
Hoje foi a vez de executar um último capeamento do muro de embasamento, para garantir os 40cm de largura que a taipa terá e para nivelar o topo, que tem um desnível de cerca de 5% entre os dois lados menores do rectângulo exterior da planta.
Para isso, colocámos de novo as estacas de nível e marcámos o alinhamento do topo do embasamento. Depois executámos a tal barreira anti-térmitas, que também serviu de camada de nivelamento e regularização da espessura, em betão com tela de impermeabilização (manga plástica corrente) e armadura (rede de galinheiro). Para evitar possíveis erros de execução, esta camada será executada com uso de cofragem.
Para isso, começamos por cortar um varão de obra para dobrarmos em seguida e temos, assim, os grampos de fixação das cofragens. O resto – apoios, distanciadores, etc. – é improvisado, mas o resultado é rápido e satisfatório.

Sem comentários: