segunda-feira, maio 22, 2006

22 Maio 2006 - Dia 10



































Hoje apareceu-me um novo aluno, a pedir para frequentar o curso, porque só agora tinha sabido da existência dele.
Interpreto isso como verdadeiro interesse, e digo-lhe que sim, sobretudo depois de saber que tem experiência de construção em caniço e de palhotas.
A Patrícia Bruno dá a sua aula sobre Higiene e Segurança no Trabalho e sobre Organização de Estaleiro de Obra.
Conta-me que o que mais a impressionou foi a gargalhada e o espanto entre os alunos quando ela fala dos contentores de lixo na obra. Quem se passeie por Maputo percebe o motivo dos risos. A cidade é uma sucessão de lixeiras, porque o sistema de recolha de lixo é surreal – as pessoas despejam o lixo para um montão (uma autêntica lixeira a céu aberto em cada rua e esquina) e depois há umas pás mecânicas que carregam isso para atrelados de tractores ou camionetas de caixa aberta!
Toda esta situação, aliada aos buracos nas ruas e consequentes poças de água, e toda a insalubridade generalizada é que fazem com que, após uma situação estável, no tempo das colónias portuguesas, este país esteja de novo invadido pela malária (que está erradicada de países bem maiores como, por exemplo, a África do Sul, mesmo aqui ao lado).
Da parte da tarde falo-lhes sobre as questões do aparelho de alvenaria e da importância de o calcular bem, com a questão das juntas e as formas de preparar e aplicar a argamassa de assentamento e os procedimentos e cuidados a ter na execução de uma alvenaria – vamos realizar uma alvenaria de duas fiadas duplas de blocos de betão no embasamento, para elevar as paredes de taipa do nível do chão, por causa das fortes e súbitas chuvadas torrenciais que aqui caem, sobretudo no Verão (Novembro e Dezembro).
Entretanto defini pormenores com o Centro de Lazer, a propósito da alimentação dos alunos, e está tudo combinado para que entre em vigor a partir do próximo dia 1 de Junho.
Enquanto isso, a vida quotidiana no bairro continua a seduzir-me.

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