terça-feira, junho 13, 2006

13 Junho 2006 - Dia 27






























Hoje, uma boa parte dos meus concidadãos deve ter acordado tarde e deve estar a beber muita água e a pedir a toda a gente para falar mais baixo, porque ontem foi noite de Santo António e eu, ainda que “sinta fogo no rabo” e goste de andar sempre de um lado para o outro, nunca deixarei de me sentir um Lisboeta, afinal de contas, e o meu ninho fica ali, à beira do Tejo.
Por cá não há manjerico, nem marcha popular, nem se salta a fogueira, mas houve uma celebração pessoal: esta manhã, montámos a prensa de BTC e estive a estudá-la.
A prensa que a ONG adquiriu foi resultado de uma pesquisa que fiz, e pareceu a forma menos complicada e mais barata de adquirir uma. Veio da África do Sul e, até ao momento da sua chegada, eu não sabia o que iria exactamente ter em mãos, uma vez que a informação que me disponibilizaram era relativa apenas aos modelos automáticos, enquanto que nós queríamos uma manual, não só por questões de preço, mas por adequação à realidade futura provável dos nossos alunos. Para além disso, a utilização desta máquina, quer ao operá-la quer ao transportá-la, quer na sua manutenção, é incrivelmente mais simples e exige menos recursos. Trata-se de uma máquina muito simples, de montagem facílima, que cabe na parte de trás de qualquer veículo, e que requer apenas um pouco de lubrificação nos rolamentos e no curso do “piston”, ao final do dia de trabalho.
Bem sei que este último período parecia uma daquelas sessões do TV Shop, com aqueles aparelhos para exercício milagroso que nos fará todos e todas iguais, respectivamente, ao Rambo e à senhora do fato de banho e da bóia, mas a simplicidade e a portabilidade do aparelho eram determinantes na sua escolha, daí a apresentação do artigo.
Assim, constatámos que a prensa, ao contrário do que eu julgava, por analogia directa com os modelos automáticos do mesmo fabricante, produz blocos paralelepipédicos, com as dimensões de 29x14x11,5cm, sendo apenas um pouco mais altos do que aqueles com que estou habituado a trabalhar – os produzidos pela prensa da Appro-Tech, a Terstaram. Isso é óptimo, porque alarga as possibilidades de utilização dos blocos, mas o problema é que só faz um de cada vez e, para além disso, só tem uma alavanca individual, o que reduz a força de compressão e aumenta a possibilidade de três ou quatro pessoas se pendurarem nela à bruta e passarmos a ter duas metades de prensa… Para além de tudo isto, o molde interior (fixo) tem uma solda que pingou em excesso, e tem uma saliência, o que faz com que todos os blocos saiam com um sulco numa das faces menores. Tirando tudo isto, até que gosto da simplicidade do engenho e, sobretudo, desse aspecto portátil e ligeiro.Mas, antes de começarmos a produzir blocos, teremos de crivar toda a terra. E isso ocupa-nos o dia todo, com o crivo que improvisei com umas madeiras, umas sobras da rede de galinheiro do embasamento, cruzada em dois sentidos para reduzir a malha, e uns bocados de varão de obra para reforçarem a área de crivagem. A terra crivada é armazenada no canto do armazém onde produziremos os BTC, e o dia é esgotante…

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