quarta-feira, julho 26, 2006

26 Julho 2006 – Dia 57




























































































De regresso a Mumemo, hoje o dia é de actualização. Apesar de ter sido uma viagem surrealmente maravilhosa, não deixo de sentir um certo amargo de boca por ter estado fora da obra dois dias. E não é por problemas de consciência, mas pela privação do empolgante prazer tremendo que me está a dar esta epopeia com estes “miúdos”.
Os trabalhos continuaram bem. Tendo em conta a empatia que os alunos sentem pela Teresa, não é de estranhar que a tenham ajudado a pegar na ponta do novelo, já que ela tinha partido há mais de dois meses, e agora nem sequer estivemos juntos na obra, antes dela retomar os trabalhos. Mas tudo correu bem, e a primeira das fiadas de BTC foi assente no topo das paredes de taipa, para, assim, cofrarmos mais facilmente a cinta de travamento.
Hoje temos a visita da equipa da AMDU (Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Urbano) – uma associação que, ao contrário do que o nome possa sugerir, intervém sobretudo no contexto rural, no sentido de trazer alguma urbanidade (entenda-se qualidade de vida e salubridade) às populações. Da direcção, vieram a arqª Maria dos Anjos Rosário (ex-Secretária de Estado da Educação) e o Engº Rachid, que se mostraram muito interessados nestas coisas de fazer casas com lama. A Teresa e eu já os tínhamos visitado, na sua sede, em Maputo, logo no início da nossa epopeia austral. Agora, finalmente, resolveram vir ver os frutos do nosso entusiasmo que lhes transmitimos no encontro anterior.
Ficaram muito impressionados e prometeram fazer todos os possíveis para, no seguimento deste curso, divulgar estas técnicas, promover outras iniciativas do género, em que os nossos alunos seriam os formadores, e introduzir o material terra e estas técnicas no programa de realojamento e de construção de equipamento que levam a cabo, tais como o ambicioso programa de construção de edifícios escolares – numa terra onde a maioria das aulas são leccionadas à sombra do cajueiro...
Eu, ciosamente, vou alternando a conversa de gabinete (tida no alpendre da casa dos voluntários, com a obra como pano de fundo) com o acompanhamento da obra. Para mais, com a saudade que o kruger criou em mim deste cheiro a terra e desta alegre agitação da obra, cada vez mais animada, à medida que o final se aproxima e que os resultados são visíveis e o estado final se adivinha.
E, se a obra era já uma atracção deste bairro, agora tornou-se um inevitável ponto de passagem para todos quantos se deslumbram com o que meia dúzia de “putos” fizeram com um monte de terra, uns pedaços de madeira e muito suor.

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